POLÍTICA, SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO | OPINIÃO

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O DÉFICE DA REPÚBLICA PORTUGUESA: A MADEIRA


Qual é o verdadeiro défice da Madeira? Para já, ninguém sabe com segurança, mas uma coisa parece certa: é muito maior do que se pensava até aqui.

No seguimento do pedido de ajuda financeira feito por Alberto João Jardim ao Governo, o INE e o Banco de Portugal, enquanto autoridades estatísticas nacionais responsáveis pelo apuramento das estatísticas das administrações públicas iniciaram uma auditoria às contas da Madeira. Qual não foi o seu espanto quando encontraram dívidas contraídas desde 2004 que não foram registadas pela Região Autónoma da Madeira, isto é, o Governo Regional da Madeira ocultou de forma deliberada e consciente despesas acumuladas desde 2004 que resultam, hoje, num saldo negativo de 1,6 mil milhões de euros. E a auditoria ainda não terminou e o Ministro das Finanças garantiu a sua conclusão antes do dia 9 de Outubro, dia da eleição da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira.

A crise que atravessamos é um momento muito sério e de enormes dificuldades para todos os portugueses, excepto para um, Alberto João Jardim. Para que fique claro, não se trata de uma derrapagem orçamental, trata-se de uma ocultação deliberada. A Madeira escondeu despesas das contas públicas criando “buracos” em proporção superiores aos da Grécia.

Segundo o Ministério das Finanças “os factos configuram uma grave irregularidade no reporte da situação orçamental”. A situação é de extrema gravidade, em particular, pelo período de que atravessamos. Num momento, em que fazemos sacrifícios para descolar a nossa imagem, da imagem negativa da Grécia, surge aquele que agora é o maior défice da República Portuguesa: a Madeira. De pérola do Atlântico a Madeira passou para ilha trapaceira, segundo a imprensa internacional. Um nome injusto para a Região Autónoma da Madeira e para os Madeirenses, mas que é resultado da grave irregularidade do Governo Regional.

Os buracos da Madeira têm dois custos para Portugal no cenário internacional: o da reputação e o da credibilidade, neste caso, a falta das duas.

O actual Primeiro-Ministro é também líder do PSD e para pagar a dívida da Madeira, o Primeiro-Ministro terá de recorrer ao aumento de impostos, ou seja, serão os contribuintes sobretudo do continente a pagar a dívida criada pela má e (talvez) ilícita gestão do Governo Regional da Madeira. E é aqui que Pedro Passos Coelho terá de responder ao líder do PS, António José Seguro se retira ou não a confiança política a Alberto João Jardim. Eu acredito que nenhum Partido sério se revê neste tipo de comportamento e, como tal, Pedro Passos Coelho como líder do PSD deve dar o exemplo e retirar a confiança política a Alberto João Jardim.

No próximo dia 9 de Outubro vão ter lugar as eleições Regionais na Madeira. O povo madeirense vai-se exprimir. O meu desejo é que os eleitores madeirenses saibam punir Alberto João Jardim pela situação de catástrofe a que chegou a Madeira. Espero que saibam castigar quem perante esta situação difícil para o país, ainda troça com o esforço dos portugueses. Espero que os madeirenses tomem com seriedade a sua escolha. O Governo Regional da Madeira controla a imprensa regional, despreza o Parlamento, insulta livremente os adversários, manda nos clubes de futebol, é dono de 70 restaurantes e emprega cerca 30 mil funcionários regionais. Alberto João Jardim é o governante há mais tempo no poder desde que o Coronel Kadhafi foi afastado pelo povo. Sei que por todas estas razões o PSD Madeira poderá mais uma vez vencer as eleições, dando legitimidade a Alberto João Jardim, mas para mim e milhares de portugueses Alberto João Jardim já perdeu.

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