POLÍTICA, SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO | OPINIÃO

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O Valor da Dívida Externa

Aquilo a que temos vindo a assistir durante este mês de Janeiro, tem sido verdadeiramente histórico.

Desde 1929 que o mundo não sofria com uma crise económica e financeira tão grave e profunda. Quando foi a última vez que viram os sete países mais industrializados do mundo ao mesmo tempo em recessão (EUA, Canadá, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Japão)?

A consequência imediata deste problema é o aumento do desemprego. Portugal naturalmente não é excepção. Não pode ser excepção, quando os principais parceiros comerciais (Espanha, Alemanha, França e Reino Unido) enfrentam, também eles, esta dura realidade.

Caros leitores, Portugal, uma democracia relativamente recente, todos os anos vai buscar ao mercado internacional, sob forma de empréstimos ou investimentos directos ou outras variantes, capital na ordem dos 8% a 10% do PIB (Produto Interno Bruto). Por cada ano que passa as dívidas não têm sido abatidas. Assim, o valor das dívidas cresce. Actualmente, a dívida externa vai acima dos 69 % e prevê-se um aumento entre 2009 e 2010 para 70,5%. Caros amigos, este é um dos problemas estruturais do nosso país, que se começa a fazer sentir, ainda mais neste momento.

A agência internacional de anotação financeira Standard & Poor’s (uma das três maiores do mundo) tem como objectivo informar todo o mercado sobre qual o risco que existe em emprestar dinheiro a um determinado Estado. Assim, estas agências analisam a situação das finanças públicas de cada país e quais as expectativas de evolução da despesa e da receita. Tudo para saber até que ponto um estado será capaz de pagar no futuro as dívidas que vai acumulando.
Recentemente, esta mesma agência, baixou o “rating” (capacidade de uma entidade corresponder a um cumprimento ou incumprimento financeiro) atribuído à República Portuguesa. Quer isto dizer, que o valor da dívida externa, faz com que as empresas, municípios e outras entidades, encontrem dificuldades no acesso ao crédito, não só porque o custo do crédito fica mais caro, mas também pela própria dificuldade em conseguir o crédito.

Mas também não seria justo, referir que a credibilidade destas agências têm sido posta em causa, por terem sido incapazes de detectar os riscos existentes nos títulos relacionados com o mercado do subprime no EUA, que deu origem a esta crise global.

Não podemos continuar a endividarmo-nos a este ritmo. Hoje é grave, amanhã para as gerações vindouras, será uma catástrofe. A estabilidade económica é fundamental para garantir um estado saudável e capaz de corresponder às necessidades da sua população. É preciso reformar o estado português, isto é, reduzir o desperdício dos serviços públicos e introduzir políticas que visem a racionalização daquilo que é serviço público; Reduzir a dependência do petróleo, apostando nas mais valias das energias renováveis; Estabilidade política; Aumentar a produtividade dos bens que consumimos; Entre tantos outros problemas, que infelizmente, caracterizam o nosso país, a nossa sociedade e o valor da dívida externa.

Somos nós, que temos o dever de contribuir para melhor, que devemos aproveitar aquilo que os fundadores da nossa democracia conquistaram, uma sociedade livre, justa e participativa.

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